2016.07.17
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«Há em mim um poço muito profundo. E nesse poço está Deus. Às vezes, consigo chegar a ele, mas o mais frequente é que as pedras e escombros obstruam o poço e Deus fique sepultado. Então, é necessário voltar a trazê-lo à luz.»[Etty Hillesum]

Etty Hillesum, uma jovem judia que muito admiro. Admiro-a pela forma de narrar a sua narrativa de vida, talvez uma das mais belas aventuras espirituais do século XX. Toda a sua vida foi um confronto consigo mesma, com a exigência da responsabilidade, uma luta diária onde o desejo de compreender os outros a leva a ama-Lo de uma forma única, um autentico milagre. Só uma pessoa que procura a sinceridade de vida pode comover-se e até mesmo gritar no silêncio ou no meio da multidão sem ser notada. Assim vejo que foi a vida desta jovem judia, assim foram os gritos silenciados de Etty Hillesum numa época de grandes turbulências na história do Homem. São estes estados de existência que nos fazem compreender o quanto levamos cá dentro ainda por desvendar, poços muito profundos, mundos interiores inacabados! Quando esta compreensão sucede, (re)encontramo-nos com os «nadas de tudo» a que foram e continuam a ser chamados tantos outros. Neste estado cabe tudo e todos, ternura, delicadeza, lágrimas e até o mistério do não compreendido, da luz que ofusca e não se vê. Nas etapas que nos toca viver vamos continuamente defrontando caminhos procurando formas de equilíbrio. Viagens, com muitas viragens, ansiando por não encontrar destinos determinados. Nestes caminhos transferimos pacientemente a nossa história à medida que os anos passam por nós. Aportamos incessantemente a revisão das diferenças e é inevitável o surgir de conflitos quando o esforço da caminhada exige de nós passos que não podemos dar. Confrontar de um modo íntimo com a realidade, remar contra a maré, combater dragões, gigantes e adamastores... Considero que eternamente seremos aprendizes na majestosa arte de amar!

2016.07.13
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Esta imagem não poderia ser mais expressiva para dar início a uma nova etapa. Estarei assim por uns tempos. No aprofundamento de uma intervenção em contextos de maior vulnerabilidade e de maior risco psicossocial. Correrei o risco. Incidirei no porquê de todos possuirmos o mesmo céu mas nem todos o mesmo horizonte? Uns dotados para estarem cheios de muito e outros vazios de muita coisa. Eis-me no início de um novo ciclo que remato com a celebre frase de Fernando Pessoa:«Quem tem alma não tem calma».