2014.08.28
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Ergo o olhar rodeada de pensamentos escritos e não escritos.
Hoje, estava capaz de escrever uma carta para ser enviada. Sim, uma carta. Mas,
como se começa uma carta, como se escreve? – Será que ainda sei? Dou-me conta
que já não utilizamos o papel e a caneta como antigamente. São emails, os sms,
blogs, facebook e afins. O papel e a caneta ficam esquecidos ou são em nossas
vidas inexistentes quando toca a querermos comunicar. No entanto, existem palavras que precisam de ser escritas,
de ser lidas e relidas em folha de papel. Precisamos delas para que futuramente
possamos guardar e selar acontecimentos em nós. Acontecimentos que nos falam de
saudade, de presença, de encontros e desencontros. Pergunto-me: - porque se
sente que certas palavras saturam e outras preenchem os nossos dias? Fico-me em
algumas respostas, alguns silêncios, são mais que presença. Deixo apenas
espelhadas nestas linhas os sonhos fortes e presentes nos quais só lembranças
restam. Será esta uma disposição mental distorcida e inconsciente que cria
distorção neste presente no qual vejo reflectida a sombra do futuro? Hoje nada
sei. Hoje como ontem, nada sei. Perdida em muitas palavras. Encontrada em poucas.
Há determinadas palavras que só as usarei e compreenderei quando perder alguém,
ou quando «alguns» me perderem a mim. Neste hoje guardo-as em mim como ontem.
Neste momento, quero apenas deixar que o vento que entre as janelas da varanda de casa de meu pai ouço passar, nada me desassossegue, de nada me isole, de nada nem de ninguém me refugie.
Sim, quero! Será que deva querer este querer? Se assim for que me reveja na
letra do grupo musical Deolinda, «Tem de acontecer, porque tem de ser, e o que
tem de ser tem muita força, e sei que vai ser, porque tem de ser, se é pra
acontecer, pois que seja agora.» Sim que seja agora, pois a vida é uma escola
valiosíssima na qual um dia a palavra fim terá o seu próprio fim. Como será? -
Não o sabemos, no entanto muito dependerá do rumo que optamos! Neste existir
sei que fizeram parte do meu caminho sorrisos verdadeiros, abraços longos e
momentos únicos. A estes fui, sou eternamente grata!